O câncer de mama é uma espécie de fantasma que assusta toda mulher, já que os seios são um símbolo feminilidade. Muitas vezes a cura envolve a mutilação das mamas, colocando em risco também a saúde psíquica da mulher. Restaurar o contorno feminino após um procedimento traumático é uma tarefa difícil e, ao mesmo tempo, recompensadora. Porém, requer amplo conhecimento de todas as técnicas disponíveis para reconstrução, além de habilidade e formação técnica para ser capaz de reproduzi-las.
Aproveitando o mês do Outubro Rosa, vamos desmitificar o tema que tanto aflige as mulheres, já que o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres.
Desde maio de 1999, já existia a Lei 9.797/1999 que previa que mulheres que sofressem mutilação total ou parcial de mama (mastectomia) teriam direito a cirurgia plástica reconstrutiva, mas sem especificar o prazo em que ela deveria ser feita. E em abril deste ano, foi sancionada a lei 12.802/2013, que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a fazer a cirurgia plástica reparadora da mama no mesmo tempo cirúrgico que a retirada do câncer, quando houver condições médicas.
A decisão do tipo de reconstrução mamária a ser feita deve ser tomada juntamente com o mastologista e a paciente. Dependendo da extensão da ressecção da glândula mamária, da idade da paciente, de cirurgias prévias e o desejo da própria paciente, várias são as técnicas utilizadas para restaurar a forma das mamas.

Em alguns casos, o músculo peitoral não é preservado, prejudicando a cobertura muscular do implante, ou a ressecção de pele é muito extensa, o que impossibilita o fechamento imediato do defeito. Nesses casos, e se ainda a paciente deseja ter sua mama reconstruída com uma prótese de mama, utiliza-se o retalho miocutâneo de grande dorsal, associado ao implante, para reconstituição tanto da pele quanto do músculo retirados.

Quando a paciente não quer reconstrução com implante mamário, uma excelente opção é o uso do retalho do músculo transverso do abdome. A técnica se assemelha à cirurgia de plástica abdominal; porém, ao invés de desprezar o excesso de pele e gordura abaixo do umbigo, utiliza-se esta região, associada ao músculo reto abdominal (que é quem irá nutrir a pele) para preencher o local da mama retirada. A vantagem dessa técnica é a que a reconstrução fica mais natural no que diz respeito à aparência e textura. Mas nem toda mulher é candidata a esta modalidade, já que existem algumas condições que contra-indicam sua escolha.
Se, infelizmente, você desenvolver o câncer de mama ao longo da vida, não se culpe e não tenha medo. Atualmente, os tratamentos oncológicos têm ótimos índices de cura quando iniciados precocemente e as reconstruções mamárias são grandes aliadas na recuperação da auto-estima da mulher.
Lembrem-se sempre de fazer o auto-exame das mamas mensalmente e procurar o seu ginecologista para um exame mais apurado (mamografia ou ultra-som das mamas) após os 20 anos. A prevenção é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce da doença.
Formação: Medicina - Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG); Residência em Cirurgia Geral - Hospital Universitário São José (HUSJ); Residência em Cirurgia Plástica - HUSJ e Especialização em Microcirurgia - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Atuação: Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Cirurgiã Plástica do Corpo Clínico do Biocor Instituto; Preceptora da Residência em Cirurgia Plástica do HUSJ; Cirurgiã Plástica de reconstrução de Mama no Instituto de Previdência do Servidor Estado de Minas Gerais (IPSEMG) e Plantonista no pronto socorro do Hospital Municipal de Contagem.
Ainda está com algumas dúvidas sobre o assunto? Então envie para nós pelo campo de comentários logo abaixo do texto, que a Doutora Patrícia Noronha irá esclarecer. Quer saber sobre outro procedimento cirúrgico? Envie sugestões de pauta para contato@vacasepoderosas.com.br ou deixe nos comentários abaixo.
"Imagens retiradas do Google.
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